terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Locomotivas Shay da Estrada de Ferro Oeste de Minas

Locomotiva Shay da Estrada de Ferro Oeste de Minas
Locomotiva Shay fabricada pela Lima Locomotive Works, Lima, Ohio, Estados Unidos, bitola 1,00 m, para a EF Oeste de Minas, onde recebeu n° 301. Observe a transmissão por cardã.

A EF Oeste de Minas (EFOM) encomendou locomotivas Shay para o trecho da serra da Mantiqueira, entre Barra Mansa, RJ, e Augusto Pestana, MG.
As Shay não percorriam todo esse trecho. Pelo que ouvi em Belo Horizonte, de Waldemar Baeta Neves, eng° da Rede Mineira de Viação (RMV), lá por 1944 a 1948, elas circulavam das proximidades de Falcão até Augusto Pestana, passando por Passa Vinte e Carlos Euler.
O trecho é íngreme, rampa contínua de 4 por cento! As locomotivas Pacific que faziam os trens mistos levavam cerca de 80 a 90 toneladas de trem serra acima. As locomotivas 2-8-0 Consolidation, um pouco mais.
Os trilhos eram leves, impedindo a utilização de maior peso por eixo.
A EFOM relutou muito em empregar locomotivas Garrats ou Mallets de simples expansão, por falta de experiência e até por falta de conhecimentos sobre locomotivas articuladas.
Então vieram as locomotivas Shay, na década de 1920. Extremamente lentas, em pouco ou nada melhoraram a tração na serra. Nunca faziam mais de 8 ou 10 km/hora!
Pela foto (CO-26), não se percebe que a transmissão tem um redutor na engrenagem de cada eixo motriz, isto é, a roda dentada do cardã é de pequeno diâmetro e os dentes das rodas motrizes vêm no aro das mesmas. Logo, a velocidade é sempre baixa.
Por outro lado, os três cilindros laterais têm a respectiva distribuição montada no mesmo eixo de manivela, dificultando a manutenção.
Pela foto, não se vê também que a caldeira não está no centro da locomotiva, mas deslocada para o lado contrário ao dos cilindros. Era para equilibrar a massa total da locomotiva.
Quanto à tração, excelente. Não derrapavam. O coeficiente de aderência era elevado, mesmo com os trilhos molhados ou úmidos — 30 a 33 por cento!
Mas a baixa velocidade fez a EFOM pensar na eletrificação do trecho Barra Mansa – Augusto Pestana e, pouco tempo depois, até Andrelândia.
As Shay perderam a utilidade no final da década de 1920, encostadas que foram. Ouvi também de maquinistas da RMV (pois a RMV resultou da fusão da EFOM e da Rede Sul Mineira ou EF Sul de Minas, além da EF Paracatu, em 1931), há 40 anos, que as caldeiras das Shay foram aproveitadas para a construção, em Divinópolis, MG, das Pacific 4-6-2 números 339 e 340!
Realmente, a 339 e a 340 tinham aquela inclinação da caldeira, entre os dois domos. A 339 morreu em explosão de caldeira, há pouco mais de 30 anos, e a 340 encontra-se exposta em Divinópolis.
Locomotiva no. 339 em Lavras.

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